
A costura existe há milhões de anos e há estudos que indicam o surgimento dela no período Paleolítico, há mais de 25.000 anos, com agulhas feitas de ossos e fios de tendões ou tripas para unir peles de animais, visando a proteção contra o frio.

Pois esta técnica milenar, que dita moda e marca épocas na cultura da humanidade, ainda é um meio de sobrevivência, sobretudo para mulheres. A Prefeitura de Gravatá entende isto e proporciona, por meio da Secretaria de Indústria e Comércio e da Sala do Empreendedor, em parceria com o Núcleo Gestor da Cadeia Têxtil e de Confecções em Pernambuco – NTCPE, o curso de Corte e Costura durante toda a semana.

O início das aulas aconteceu na segunda (06) e elas seguem até a sexta-feira (10), na Cooperativa Monsenhor Paulo Cremildo de Corte e Costura de Mulheres de Gravatá, que fica no bairro Alpes Suíço.

Gicélia Carneiro, assistente social e artesã, é uma das alunas que está aprendendo a costurar com o objetivo de empreender. “Paralelamente ao meu trabalho, eu sou assistente social aqui no município mesmo, mas também sou artesã, aí eu sempre estou participando dos cursos que a prefeitura oferece para me aperfeiçoar no ramo do empreendedorismo. Eu resolvi fazer esse de costura, já havia feito de modelagem o ano passado também com o professor Adilson, e foi muito bom para mim. E esse de costura veio para acrescentar na minha arte, para me ensinar na questão da costura mesmo, porque quando você faz artesanato, às vezes você precisa saber costurar para complementar o seu trabalho, porque nem sempre é só na mão. Quando você faz um trabalho só na mão, demora mais. Aí se você souber costurar, a peça sai melhor, com maior qualidade. Aí eu estou fazendo esse curso com o objetivo de fazer turbantes, laços, aí precisa que eu saiba costurar para poder sair melhor, sair um trabalho mais perfeito. Essa parceria entre a prefeitura e a cooperativa é uma coisa muito boa, até porque a cooperativa aqui, ela tem sido muito boa para a população daqui, e essa parceria entre a prefeitura e a cooperativa ajuda, porque só a cooperativa não seria possível trazer os cursos. Com o apoio da prefeitura, pode cada vez mais trazer mais cursos e preparar mais mulheres para empreender, através do apoio da prefeitura e do povo da cooperativa que cede o espaço e as máquinas. Acho que é uma parceria perfeita”.
Adilson Júnior é professor de costura e modelagem do Núcleo Gestor da Cadeia Têxtil e de Confecções em Pernambuco – NTCPE, de Caruaru, e explica a dinâmica dessa capacitação. “Este é um curso super aguardado e estou de volta a Gravatá. Ano passado, foram duas turmas de modelagem plana e aí o pessoal queria muito o curso de costura. Um ano depois, a gente voltou com esse curso de corte e costura. É um curso mais básico, que é para iniciantes, então tem uma duração menor. São 20 horas e elas vão aprender desde as noções básicas de corte, e também as habilidades para pegar o manejo da máquina, para fazer coordenação motora, pegar essa habilidade da mão, do pé, ter esse controle da máquina, fazendo exercícios diariamente, para, no final, no encerramento, tentar montar uma peça. Sempre estão buscando mão de obra nessa área de costura, porque existe ainda essa defasagem. Então muitos fabricos, muitas produções precisam de costureira, então é sempre bom ter esse treinamento para capacitar as pessoas para que o mercado de trabalho consiga absorver. É uma profissão muito antiga, mas sempre tem maquinário novo surgindo, novas tecnologias e é sempre bom também o pessoal busca se aperfeiçoar para acompanhar essa tecnologia e também para que sejam costureiras que serão absorvidas pelo mercado de trabalho, para que elas já consigam emprego, dar continuidade, ou então abrir o seu próprio negócio, fazer pequenos concertos, ser aquela costureira de bairro que a gente também tanto lembra, então acho que quando a gente fala de costureira sempre vem alguma memória afetiva de alguém que costurou, faz a barra da sua calça, faz concertos, aperta, ou dá uma prega na peça”.
Juscelino Borges, vice-presidente da Cooperativa Monsenhor Paulo Cremildo de Corte e Costura de Mulheres de Gravatá, fala como surgiu este local de conhecimento e sobre o incentivo da Prefeitura de Gravatá com esta ideia. “A ideia da cooperativa surgiu quando nós passamos a trabalhar no bairro Alpes Suíço na parte de segurança privada e verificamos que nessa comunidade havia uma necessidade de termos aqui um polo de transmissão de conhecimento profissional para que as mulheres pudessem obter conhecimento profissional com cursos de pequena duração para que pudessem exercer essas atividades profissionais além da atividade só de doméstica e dona de casa. E o curso inicial que nós pensamos em fazer, depois de uma conversa que tivemos com o diretor de trânsito, o senhor Agostinho, que me sugeriu que ele no passado teve uma ideia de fazer uma cooperativa de costureiras. E a gente pegou essa ideia e começamos a construir o prédio e foi quando surgiu um curso de modelagem plano industrial proporcionado pela Prefeitura de Gravatá, através da secretaria de Indústria e Comércio, e nós fizemos o curso para iniciarmos e termos um conhecimento também na área de corte e costura. A partir daí foi de vento em polpa e a gente recebeu o apoio maciço da comunidade e nós chegamos à conclusão do prédio. Conseguimos comprar as máquinas industriais, porque a ideia é de termos essas mulheres empregadas em fabricos e ateliês da cidade de Gravatá, que a mão de obra de costureira hoje em dia é muito escassa no mercado e também que essas mulheres possam em suas residências ter também um fabrico ter uma confecção”.
Reportagem: Ana Paula Figueirêdo
Fotos: Anderson Souza e Ednaldo Lourenço (SECOM)