Parceria entre gestão municipal, poder judiciário, MPPE e Polícia Militar de Pernambuco vai trabalhar grupos reflexivos masculinos como tentativa da quebra do ciclo de violência de gênero perpetuado por gerações de homens
Na véspera do Dia Internacional da Mulher, a Prefeitura de Gravatá, por meio da Secretaria da Mulher e do Centro de Referência da Mulher Ana Lúcia Pereira Beserra, faz história na política de enfrentamento à violência de gênero.
O prefeito da cidade, Joselito Gomes, lançou o programa Elos de Convivência – Homens pelo fim da violência contra a mulher, no Fórum de Gravatá, na tarde da terça (07), um trabalho realizado pela primeira vez por uma secretaria municipal no Brasil.
Na ocasião, houve a apresentação de um trecho do curta “O silêncio dos homens”, produzido pelo Instituto Papo de Homem, que trouxe uma reflexão sobre o uso da violência como afirmação da masculinidade.
Em seguida, foi formada a mesa da solenidade, com o prefeito de Gravatá, Joselito Gomes, a secretária municipal da Mulher, Ester Gomes, a promotora de justiça criminal do MPPE, Cecília Tertuliano, o juiz da Comarca de Gravatá, Severiano de Lemos, a diretora de Enfrentamento à Violência da Secretaria da Mulher de Pernambuco, Nadiedja Matias, e Leonardo Lima, diretor de Políticas Estratégicas da Secretaria de Saúde de Gravatá.
Em Gravatá, 12 homens, previamente selecionados pelo poder judiciário da cidade, vão participar de 10 oficinas. Nadiedja Matias fala que esse programa vai mergulhar no íntimo do autor de agressão e buscar a origem do problema para que esse homem não repita o ciclo de violência. “O nome certo que eu tenho trabalhado é o autor da agressão, porque todo autor pode ser ou não. Todo autor pode deixar de ser e esse trabalho é super importante, porque quem é o principal autor da agressão: o homem. Então tendo esse programa hoje que está também na Lei Maria da Penha, é uma reeducação que faz parte da lei. Gravatá está de parabéns por essa sensibilidade e iniciativa. É importante o homem refletir sobre o que ele está fazendo. As mulheres têm vários espaços para refletir, empoderar-se, e o homem? Ele também precisa desse espaço. Se ele está sendo o autor da agressão, por quê? Por que ele mata? Esse programa vai trazer uma nova linguagem, pensamento e refletir para esse homem, que tem muito o que crescer, com certeza”.
De acordo com a promotora Cecília Tertuliano, “o sistema de justiça tem todo interesse em implementar projetos dessa natureza, que promovam a reflexão de autores de violência. Mas claro que a execução, o respaldo orçamentário, a formação de equipes depende muito da disposição governamental de realizar e pôr em prática esse tipo de projeto. Em Gravatá, o excelentíssimo prefeito teve esse olhar importante e abraçou o Termo de Cooperação Técnico com o MPPE para a execução desse projeto.
Ester Gomes explica como funciona o programa Elos de Convivência. “Esse projeto vem com uma proposta muito significativa, mais um componente de enfrentamento da violência contra a mulher e sobretudo pela sua condição de prevenção dessa violência. Hoje a gente mais uma vez registra um marco histórico na gestão do prefeito Joselito Gomes a junção de forças com o MPPE, o poder judiciário e outros tantos atores que se juntam a nós para fazer esse programa acontecer. O Elos se propõe a essa quebra do ciclo de violência e se a gente quebra esse ciclo a gente substitui por elo de amor, confiança e fazer com que essas mulheres se sintam mais seguras. Fazer com que a gente apresente para esses homens, a partir das oficinas que foram pensadas e elaboradas, que eles percebam e ressignifiquem suas posturas de violência contra essa mulher.
O prefeito Joselito Gomes, que é atuante no combate à violência de gênero, vê o programa Elos de Convivência como uma oportunidade para o agressor mudar a realidade de violência. “O objetivo desse programa é ter um olhar voltado para o agressor, as motivações que estão presentes para que este homem possa agir da forma que agiu ou está agindo. Importante é essa oportunidade para que você possa se reeducar. Falhas, erros, todos nós seres humanos temos. O bom é tomar consciência que se pode melhorar. Vários atores estarão participando, profissionais qualificados estarão ajudando nesse processo de recuperação dessas pessoas para que possamos num esforço contínuo zerar a violência que hoje infelizmente está em alta em relação à mulher”.
Reportagem: Ana Paula Figueirêdo
Fotos: Nilson Silva (SECOM)