Prefeitura de Gravatá promove debate em live pelo Dia Internacional contra a Discriminação Racial

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Publicado em 21 de março de 2022, por Ana Paula Figueirêdo | Categoria: Destaque

Conversa reuniu autoridades no assunto e chamou a sociedade para refletir sobre as ações de combate ao racismo  

 

Embora a humanidade esteja no século XXI, dados alarmantes de todo tipo de violência contra a pessoa negra continuam crescendo e entre elas está a discriminação racial.   

Por causa disso, a Prefeitura de Gravatá, por meio da Secretaria da Mulher, promoveu debate sobre o tema, na manhã desta segunda (21), quando é celebrado o Dia Internacional Contra Discriminação Racial, em transmissão ao vivo pelo perfil no Instagram @prefeituradegravata

 

A secretária da Mulher de Gravatá, Ester Gomes, mediou o debate, que trouxe dois nomes fortes nessa luta contra o racismo: a advogada, membra da Comissão de Igualdade Racial, secretária geral da Comissão da Mulher Advogada da OAB/PE, co-fundadora da Coletiva Abayomi Juristas Negras e do IANB, Patrícia Oliveira, e a técnica de enfermagem e ativista antirracista, Lu Mattos.

 

Com muitas falas necessárias, as três trataram de assuntos como a diferença entre discriminação racial e preconceito, a situação de violência vivida pela mulher preta na sociedade e como esse cenário pode ser mudado, a legislação voltada para a temática, além de sugestões práticas para que a sociedade tenha uma atitude coerente com todas as pessoas. 

Após as apresentações das convidadas, a secretária lembrou que a conversa está dentro da programação pelo Mês da Mulher, e por isso o debate passeou entre a discriminação racial e a realidade da mulher preta dentro desse contexto. 

 

Entre as falas de Lu Mattos, ela disse: “Estou muito feliz de receber esse convite e digo que a luta antirracista é diária, ancestral, pois desde quando viemos escravizados da África não há um dia de paz para nós pessoas pretas”

 

A equidade humana foi um dos pontos que a doutora Patrícia Oliveira trouxe na fala dela. “Quero agradecer por estar aqui de forma pontual, por ser uma das pessoas indicadas para conversar com todos e poder compartilhar os conhecimentos. Acredito que avançamos muito enquanto pessoas negras, em conquistas de direitos, mas também, a gente vive momentos em que há alguns retrocessos, e isso é algo para ser usado como mola propulsora para que a gente continue reverenciando a nossa ancestralidade e lutar para sempre estarmos ocupando esses espaços que nos foram retirados de forma brutal”.

A secretária da Mulher de Gravatá, Ester Gomes trouxe dados que demonstram o quanto a sociedade precisa mudar no olhar voltado para as mulheres negras. “Entre as estatísticas, estão dados alarmantes de violência, como 3 em cada 4 mulheres assassinadas no Brasil são negras, 3 em cada 5 mulheres vítimas de feminicídio são negras, metade das adolescentes e crianças vítimas de estupro são negras, vítimas de lesão corporal em decorrência de violência doméstica são em sua maioria negras. A pandemia também trouxe um grande quantitativo de mulheres negras que foram afetadas. São números que nos inquietam, apesar de alguns avanços, mas vemos que não podemos parar. Ainda continuamos sendo vistas como objetos, em diferentes classes sociais, por isso devemos nos manter firmes e fortes, nos irmanar e dizer que estamos aqui para enfrentar esse mal”. 

 

Lu Mattos destaca que “eu acho que a Prefeitura de Gravatá quando coloca uma mulher negra à frente de uma secretaria, já é um ponto muito positivo e é um ponto de espaço de poder também. A gente só vai mudar essa estrutura quando nós, mulheres pretas, estivermos em local de poder da caneta, deixar de ser apenas filosofia, a gente começar a direcionar as necessidades para a sociedade”.  

 

Após o debate de quase uma hora, a advogada Patrícia Oliveira finalizou a participação dela no debate dizendo que “saio dessa manhã contemplada. A palavra que posso resumir é gratidão, porque sei que esse diálogo hoje atingiu pessoas que desejam a continuidade desse debate, pois pude acompanhar algumas interações aqui no chat. Como bem disse Lu Mattos, temos que buscar solução e achei a ideia da cartilha muito interessante. Precisamos de outros momentos como esse, não apenas no 21 de março, mas nos 365 dias. Vamos lutar contra a discriminação racial todos os dias”. 

 

Lu Mattos também finalizou: “o seu trabalho, secretária Ester, é muito lindo e importante e para além do seu trabalho, seu corpo preto está aí e ele está para outras pessoas, pois diz para essas outras pessoas pretas visualizar que ‘eu também posso estar aí, posso ser mais’. Vamos dar licença, viu, pessoas brancas, para que o povo preto possa ocupar os espaços, porque quando o mundo for bom para uma mulher preta, ele vai ser bom para qualquer ser humano”. 

Antes de encerrar a live, Ester Gomes destacou que “foram falas extremamente necessárias a partir do momento em que precisamos ampliar nossa escuta e nos munir com uma mobilização feminina. Essa dificuldade de desconstruir é grande, mas vamos lutar e buscar evitar que isso aconteça nessa dimensão. Tudo perpassa na questão da escola. As meninas precisam saber dos seus direitos, na legislação, porque elas se deparam com isso. Agradeço, em nome da gestão pública, pela contribuição imensa de falas que vêm do âmago da alma por esse dia”.

 

O debate completo está disponível no perfil da Prefeitura de Gravatá (@prefeituradegravata), no Instagram.      

 

Reportagem: Ana Paula Figueirêdo

Fotos: Leonardo Santos (SECOM)


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