Oficina “Escrita Criativa: Enegrecendo a História” incentiva educadores a explorarem a escrita como ferramenta de autoestima, memória e antirracismo

A Secretaria da Mulher de Gravatá promoveu a oficina “Escrita Criativa: Enegrecendo a História”, ministrada por integrantes da Academia Literária Poetas do Sol e voltada para educadores sociais da gestão pública municipal.

A atividade, que aconteceu na manhã da quarta (19), na sede da Secretaria da Mulher, teve como principal objetivo estimular os participantes a utilizarem a escrita para falar sobre si, reconhecer sentimentos e reconstruir percepções afetadas pelo racismo.

Jhonata Antônio, neuropsicopedagogo e vice-presidente da Academia Literária Marginal Poetas do Sol, destacou que o objetivo central é despertar o desejo de escrever: “O grande objetivo aqui é formar a curiosidade nos educadores e em quem tivesse interesse. A gente quer fazer com que desperte a curiosidade literária e acima de tudo entender que, para escrever, não precisa de grandes coisas, não precisa de grande suporte, você só precisa ter alguma coisa a falar”. Ele reforçou que todos possuem histórias próprias ou compartilhadas que merecem ser registradas: “todo mundo tem alguma coisa pra falar, seja pela sua experiência de vida, seja sobre falar sobre a vida do outro. O educador também explicou que a atividade, realizada no Mês da Consciência Negra, foi inspirada em escritores como Conceição Evaristo e Ferrez, todos eles levantam bandeiras desse movimento de escrever com alguma coisa específica, como eu falo escrever com as vozes, escrever com o corpo, escrever com o coração”.
Para Joyce Melissa, diretora de Cidadania e Diversidade da Secretaria da Mulher de Gravatá, a oficina integra um esforço maior de acolhimento e fortalecimento da identidade negra entre diferentes públicos da cidade. “Quando a gente começou a montar a grade, a gente pensou assim em abarcar todos os públicos possíveis”. Ainda segundo ela, o racismo impacta especialmente crianças e adolescentes, que crescem sem referências positivas sobre si: “Então quando a gente trouxe esse enegrecendo a história é para que eles começassem a olhar para si mesmos, escrever sobre si, sobre os seus sentimentos e como eles se enxergam no mundo. A iniciativa dá continuidade a debates iniciados com mulheres em atividades anteriores, abordando temas como invisibilidade e silenciamento, agora ampliados para discutir como crianças negras se percebem na sociedade”.
A secretária da Mulher de Gravatá, Ester Gomes, reforçou o alcance e a relevância da ação: “É uma oficina voltada para educadores, para técnicos que estão em variados organismos da gestão pública e organizações da sociedade civil. A importância de manter viva a memória de escritoras e escritores negros, valorizando suas contribuições para que novas gerações possam reconhecer essa herança cultural. A academia se junta a nós como parceiros promovendo essa oficina numa perspectiva da gente fazer essa discussão do antirracismo. O encontro promove reflexão, troca de saberes e fortalecimento de práticas que enfrentem as violências raciais que ainda persistem na sociedade”.
Reportagem: Ana Paula Figueirêdo
Fotos: Anderson Souza (SECOM)