Profissionais da Saúde, de outras secretarias municipais, dos CAPS II e CAPS AD, além de usuários e sociedade civil participaram de ato na Praça da Matriz, na manhã da terça (30)
Com camisas amarelas, faixas, cartazes e sorrisos nos rostos, Gravatá viveu o encerramento da campanha Setembro Amarelo, que é o mês de prevenção ao suicídio, na manhã da terça (30), com caminhada pelas ruas do centro da cidade e culminância na Praça da Matriz.
O ato, que trabalhou o tema “Não julgue, ajude”, teve realização e apoio da Prefeitura de Gravatá, por meio da Secretaria de Saúde, dos CAPS II e CAPS AD, da Secretaria de Comunicação Social e Imprensa, da Secretaria de Segurança e Defesa Civil, por meio da Guarda Civil Municipal e DMGTTRANS.
Ao chegar na Praça da Matriz, o grande grupo dançou e fez roda de ciranda ao som do Maracatu Sol Brilhante e teve acesso a serviços de saúde, como aferição de pressão arterial, glicose, vacinação, atendimento médico e do Odontomóvel.
Em Gravatá, a ajuda pode ser encontrada nos Centros de Atenção Psicossocial – CAPS, Unidades Básicas de Saúde do bairro (UBS), Posto 1, UPA Gravatá, SAMU 192 e o Centro de Valorização da Vida no número 188.
Veja abaixo os depoimentos dos muitos atores da campanha Setembro Amarelo em Gravatá.
Cristiane Alves, psicóloga e coordenadora do CAPS II. “A nossa ideia para esse evento foi que a gente consiga se fortalecer, conseguir juntar todas as secretarias do município para que essa política da saúde mental se sinta pertencente, fortalecida, reconhecida e que os cuidados de saúde mental não seja só hoje em Setembro Amarelo, no dia 30, mas em todos os processos de nossa vida e que se adoecer em algum momento reconhecemos que estamos precisando de ajuda sabendo que não vamos estar só. Então organizamos por territórios, várias ações, hoje o dia 30 é o encerramento, mas estamos disponíveis, toda a gestão, para Gravatá”.
Selma Magalhães, coordenadora do CAPS-AD. “Gravatá se fortaleceu ainda mais com a chegada do CAPS-AD, que é um serviço que faz parte da rede de atenção psicossocial para tratamento de usuários de álcool e outras drogas. Certo. Como é que a pessoa faz para ter acesso ao serviço? Nosso serviço é um serviço dia, é um serviço de porta aberta. O usuário não necessita de encaminhamento. E a gente tem. Diária durante todos os turnos, então o usuário pode ir em qualquer horário de segunda a sexta, que ele vai ser ouvido, acolhido e direcionado dentro da rede”.
Tiago Santos de Oliveira, açougueiro, usuário do CAPS. “Eu acho que é um serviço que ajuda bastante, nos dá força, nos encoraja a ficar bem, ficar livre das drogas, nos ajuda a nos manter. O mundo na rua só atrai para o mal, coisa ruim, usar droga, tomar cachaça e é muito difícil achar uma mão amiga que nos ajude. O CAPS nos ajuda, os conselhos, as pessoas tratam a gente bem e só tenho a agradecer. Hoje eu me sinto melhor do que antes, estava pelo mundo usando droga, saía de cidade em cidade, perdido e hoje eu me sinto bem quando estou lá no CAPS”.
José Vasconcelos, músico, usuário do CAPS. “Um trabalho interessante que tem ajudado pessoas a me libertar do álcool, das drogas. Então eu vejo um trabalho muito importante para toda a sociedade. Sou acompanhado pelo CAPS há quase dois anos e senti mudança, pois ajuda, fortalece. Às vezes a gente falta, mas é interessante a gente não faltar, porque existe aquela força que vem do céu mesmo. E vem de dentro também essa vontade de querer mudar, de querer ser transformado. Eu estou agradecido, estou feliz por isso. Quero cada dia me renovar, melhorar. É assim que as coisas acontecem na nossa vida. Recomendo sim que as pessoas que estejam passando com o problema de alcoolismo, de drogas, que as pessoas procurem o CAPS AD e todos eles que fazem parte da nossa cidade de Gravatá. Que Deus abençoe a todos”.
Marco Viegas, psiquiatra do CAPS AD. “A gente trabalha com a rede de saúde. Então, todo paciente que precisa ser avaliado pela psiquiatria, ele primeiramente deve se dirigir ao posto de saúde para ser encaminhado ou para o ambulatório de psiquiatria ou para o CAPS. Mas o CAPS está sempre de portas abertas. Qualquer paciente que quiser ser acolhido por nós, ele pode chegar e a gente vai estar à disposição. Isso não impede do paciente que está disposto a iniciar um tratamento, que ele não possa ir até nós para que a gente possa acolhê-lo, passar pela triagem e após a triagem ele ser avaliado pelo psiquiatra que vai direcionar ele para o psicólogo, para o clínico geral, para o nutricionista, para o educador físico. A gente tem essa abordagem multidisciplinar, porque a saúde mental nunca é só o medicamento. Além do tratamento medicamentoso, a gente precisa de terapias auxiliares. Então a gente sempre vai estar oferecendo a psicologia, a terapia com o profissional, a atividade física com o educador físico e uma dieta balanceada com o nutricionista também é fundamental. A pessoa que está com sofrimento mental, além da própria vida dela acometida, toda uma família, toda uma sociedade também fica sentida pelo quadro que ele está enfrentando. Então essa pessoa que está percebendo que o seu trabalho, a sua família, a sua vida em si não está funcionando como antes, que ele não espere tanto, que ele procure ajuda, que ele venha conversar conosco, que a gente possa começar esse tratamento e esse acompanhamento para que ela possa ter uma vida digna e seja reintroduzida na sociedade da maneira merecida”.
Viviane Sanjurjo, secretária de Saúde de Gravatá. “Estamos hoje encerrando com chave de ouro as atividades que foram do meio do Setembro Amarelo em combate ao suicídio, para que as pessoas se conscientizem para ajudar, a não julgar, para as pessoas que tenham respeito emocional com o outro. A fala também é importante, a escuta é importante, mas a gente precisa ter essas ações ampliadas para os demais serviços. Não se trata de uma ação apenas durante o mês do Setembro Amarelo, mas sim essas ações são desenvolvidas nos CAPS durante todo o ano, tanto no CAPS Transtorno como no CAPS AD. Então é uma ação bastante importante para todas as pessoas, todos os pacientes que frequentam nossos serviços, envolvendo hoje o Odontomóvel, a vacinação, o teste de glicemia, hipertensão, o acompanhamento do médico, enfim, toda a Secretaria de Saúde envolvida neste combate ao suicídio”.
Reportagem: Ana Paula Figueirêdo
Fotos: Ednaldo Lourenço (SECOM)